Acordei. São 11:45 o ultimo registro da noite anterior passa rapidamente diante de meus olhos como um filme mudo acelerado. A cabeça esta latejando como sempre. Mais uma vez exagerei.
Gosto do verão, mas só quando não é dia de trabalho na metrópole. Vestir jeans é tortura aqui nos trópicos. Abro uma latinha de cerveja pra rebater a ressaca e o liquido desce como um rio bravo garganta abaixo. Arroto.
Me lembro de ter escutado uma vez na infância, não sei se em algum programa de TV, ou se em algum boteco em que costumava acompanhar o meu pai, que é considerado alcoólatra aquele que bebe antes das 10:00 da manhã, logo.... Consciência limpa. Banho.
A água do chuveiro sempre me fascinou. Gelada, batendo no couro cabeludo e escorrendo pelo corpo sempre me deu uma sensação de elevação, como se estivesse em um plano superior. Quando criança ficava horas no banho, só sentindo a água bater na nuca e nas costas. Hoje me policio um pouco pois é desnecessário um banho tão demorado, desperdício. Mas, quando acordo assim, com a cabeça desse jeito, faço questão de me dar o luxo de uma cachoeira particular. No lugar das pedras: azulejos, e nada de lodo, lama ou musgo que é bem nojento vamos combinar.
Vou sair essa noite, sozinho, eu e esse céu.
Não quero voltar pra casa sem estar com a mesma sensação de ontem. Quem sabe fique mesmo por aí, quem sabe durma na rua. Talvez conheça uma prostituta mineira, um skatista maconheiro, uma operadora de telemarkiting. Talvez morra e vire história pra contar. Talvez só conte a história da noite anterior sem muito entusiasmo ou talvez nem conte pra ninguém.
Ou talvez espere que os dias passem bem devagar, sentado no mesmo banco de praça, ouvindo a trilha sonora dos ônibus e fumando os mesmos cigarros dos meus quinze anos.
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