terça-feira, 25 de setembro de 2007

Animais que somos

Não venha me falar que somos asquerosos e incompreensivos, vocês não sabem o que dizem. Estes seres peludos, que costumam ter como distração preferida deixar a toalha molhada (velho clichê) em cima da cama são sensíveis sim, ao extremo. Estes trogloditas barbudos que consomem aos montes alimentos gordurosos e que tem prazer em comprar em tabacarias e em lojas de artigos especializados para pesca pequenos objetos, que vocês, não sei porque, acham inúteis; não são monstros aproveitadores que só querem arrancar de vocês os mais preciosos dotes, nem golpistas sem pudor, e não, não são manipuladores mesquinhos da alma humana.
Não pensem que não damos a mínima para os seu corte de cabelo (dois centímetros na parte de trás, por baixo) e que nunca percebemos quando compraram um vestido novo - que parece com quase todos os outros. Não ficamos indignados quando vocês, ao se vestirem pra sair, fazem trezentas e quarenta e sete combinações diferentes para no final, escolherem a primeira que vestiram, espetacular, por sinal. Nem imaginam então, o quanto nos alegra que vocês façam perguntas que nem nós, nem vocês, nem a Mãe Dinah nem o Babalorixá Pai Meninho de Iançã sabem responder. Somos sensíveis, somos compreensivos sim, entendemos quando gritam feito loucas e depois justificam tudo com a tal da TPM: fazemos um gesto afirmativo com a cabeça, dizemos pra vocês "tudo bem amor" e mudamos de assunto, como faz um gentlemen, como um dias os nosso pais , sábios espécimes dessa gategoria de mamíferos, fizeram com nossas mamães.

Ao pedirmos suas preciosas mãos em casamento vamos nos ajoelhar e implorar por uma vida inteira de felicidade. Quando na chuva tivermos que correr nossas jaquetas vão parar em poças d’água para que vocês continuem o passo. Quantos jantares forem precisos, quantos arranjos floridos e cartões com poemas de amor vão nascer de nossos punhos. Quantos “nunca esqueça o quanto te amo”. Quantos! Quanto amor temos em nossos corações. Quanto. Somos amantes por natureza somos o Adão sempre, o que primeiro veio ao mundo para aprender como defendê-las o primeiro a segurar sua mão gelada de menina tímida. O primeiro a levá-la ao colégio, tudo por um beijo doce na face, um abraço apertado e um adeus, até logo. Tudo para conseguirmos que vocês, Evas de nossas vidas, nos permitam gozar nossa existência pífia tentando entender o que se passa nesse universo que vocês criaram para nos enlouquecer e para nos encantar.

3 comentários:

Flávia disse...

Já cheguei no estágio em que a mulher compreende a dedicação do Adão...

Beijo!

Petê Rissatti disse...

Essa é a Flavinha, mulher à frente do seu tempo.
Eu ainda escreverei um parecido... só que o enfoque será outro. Parabéns meu caro, sentimos sua falta no Coletivo.

Anônimo disse...

Ah, se todos tentassem compreender um pouquinho do universo da mulher...
Adorei o texto.
beijo