terça-feira, 27 de janeiro de 2009

A oportunidade

- Ela está ali é só andar até lá. Vamos, vá até ela!
- Não, não e o que eu vou dizer.
- Diga que gosta dos seus sapatos vermelhos, ou que acha encantador o jeito que ela meche no cabelo enquanto espera que o café chegue.
- E pra que diabos ela vai querer saber que eu acho encantador o jeito que ela meche no cabelo enquanto espera o maldito café. Ela está lendo e... esquece, ela vai pensar que eu sou um desses loucos que se apaixonam por todas na rua e lançam cantadas absurdas como essa.
- Não, ela vai pensar que você é um dos únicos idiotas aqui presentes que teve a coragem de ir até lá e lançar uma cantada absurda como essa.
- E isso vai me ajudar em que?
- Vai ver os seios dela de perto e hum ham, acho que só.
- Você é maluco.
- Eu vou lá.
- O que?
- Isso que você ouviu imbecil, vou lá.
- E vai falar sobre os sapatos e o cabelo? Eu tava brincando.
- Isso.

- Olá
- Já sei voce e o seu amigão alí apostaram algumas cervejas que euzinha aqui ia cair como um patinho na conversinha de vocês. Ok garanhão. Estou de bom humor hoje e vou deixar você sair daqui sem eu ter que explicar pra você que não é nada elegante abordar uma dama nessas condições e que...
- Você tem lindos olhos.
- Que?
- Enquanto fala eles continuam estáticos, parecem focar algum ponto no horizonte mesmo quando olha diretamente nos meus olhos. Mesmo assim alterada desse jeito.
- Olha eu...
- Parecem que enxergam algo além do que se pode ver, olhos assim são hipnóticos.
- Você poderia...
- Fernando. Posso me sentar?
- E o seu amigo ali?
- Ah, bem, ele gostou dos seus sapatos também.
- Vocês homens são todos uns idiotas.
- Concordo, é isso que nos faz homens.
- Isso não está te ajudando.
- Só estou tentando dizer que é necessário que eu tome a atitude idiota de vir até aqui te dizer que acho encantador o jeito como movimenta os cabelos o tempo todo como uma adolescente sapeca, por exemplo. Desse modo eu tenho cinquenta por cento de chances de que você apenas tome isso como um elogio e acabe aceitando a oportunidade de ter alguns minutos de conversa agradável sem precisar questionar se as minhas intenções são pautadas apenas por apostas entre amigos.
- Desculpe, eu...
- Poderia me dizer seu nome agora?
- Ana.
- Obrigado, estava me sentindo um idiota.
- Oh, não foi culpa minha. Sente-se, por favor.
- Obrigado. A propósito, já falei como acho seu cabelo encantador.
- Já usou esssa. Melhor tentar outra, você estava indo bem.
- Claro, desculpe.

Nenhum comentário: